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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Toda a população do planeta surgiu de uma única migração



Sua família acaba de ficar menor. Três estudos genéticos simultâneos conduzidos por pesquisadores de diferentes instituições do mundo concluíram que toda a população do planeta se originou de uma única migração, que deixou o continente africano entre 50 mil e 80 mil anos atrás.
A descoberta foi quase um esforço diplomático. A equipe de Luca Pagani, do Biocentro da Estônia, analisou 148 povos. Entre eles, alguns da região de Papua-Nova Guiné, país próximo à Austrália, em que 98% da população vêm de um único grupo migratório. Já Swapan Mallick e David Reich, da Escola de Medicina de Harvard, deram uma olhada em 142 populações, e comprovaram que os aborígenes australianos e outras civilizações da Oceania têm a mesma origem que os demais povos não africanos. Por sua vez, Anna-Sapfo Malaspinas, do Museu de História Natural de Copenhague, fez algo parecido com 108 genomas da região, e as conclusões foram as mesmas.
“Não é uma coincidência”, afirma Serena Tucci, especialista em genética e demografia pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos. “São colaborações internacionais que unem instituições de vários lugares do mundo há anos. Alguns participantes, inclusive, estão em mais de um estudo.”
Na genética, a união faz a força. Afinal, mais do que recursos financeiros, é necessário um pequeno exército de cientistas para dar conta de analisar o mundo todo. “Fazer a análise de populações é muito difícil por questões éticas, logísticas e econômicas”, explica Tucci. “Imagine como é para um pesquisador ir à savana africana ou a ilhas remotas no Pacífico para coletar sangue e saliva, e então levar as amostras de volta aos Estados Unidos ou à Europa.”
Apesar das dificuldades, uma boa olhada nos genes ainda é o método mais confiável para responder à mais clichê das perguntas: de onde viemos? “Há alterações aleatórias que surgem e se acumulam no genoma de populações diferentes”, afirma Tucci. São essas diferenças e semelhanças que permitem, por meio de truques estatísticos, traçar o mapa da migraçãohumana pelo mundo.
E por que o Homo sapiens decidiu que dominar o mundo era um plano razoável? Bem, isso é mais complicado. “Migrações costumam ser motivadas pelas condições climáticas ou por disponibilidade de comida e água”, diz Tucci. “Mas pode ser que o desejo de explorar seja intrínseco ao ser humano, e isso já é assunto para a filosofia.”

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